Boa tarde e parabéns à FERSAP por esta iniciativa.
Realmente, estar a olhar para estas pessoas que eu admiro tanto, nem imaginam, e estão aqui três que eu admiro mesmo muito Orlando, o Albino Almeida, o Vítor Sarmento e o Jorge Ascensão.
Eu comecei exatamente por aquilo de que estavam a falar, pela base (Associação de Pais).
O meu primeiro filho entrou para a escola em 2002. Era uma escola que tinha salas de aula, professores e auxiliares. Tinha lá um espaço magnífico que diziam que era o refeitório; outro que diziam que era um pavilhão; outro que diziam um dia poder vir a ser um A.T.L., e o Boa-Nova olhou para aquilo e disse: “– Poça, porque é que não se pode fazer isto tudo?”.
Assim, conjuntamente com muitos pais, fundámos a Associação de Pais da Escola da Ramada em Odivelas e aí começou a grande aventura.
É claro que as nossas auxiliares na altura tinham duas horas de almoço. Foi preciso falar com muitas pessoas e, afinal, não foi assim tão difícil. Foi criar, metermos as mãos à obra e colocarmos os pais e principalmente os avós a ajudar as auxiliares no refeitório, contratar uma empresa de A.T.L. que, ao mesmo tempo, com a nossa negociação metemo-los a dar apoio psicológico a todos os miúdos.
E isto foi crescendo. E, efetivamente, a paixão começa por aí e depois, passados 2 anos já chamavam àquilo, Colégio de Odivelas. Porquê?
Porque tínhamos tantos serviços e tantas mais-valias para a Escola que tanta gente queria lá colocar os filhos. Tinha contratado um segurança para a porta; o refeitório com o apoio da Câmara já servia refeições; havia mais pessoal auxiliar; um Ginásio, um magnífico espaço com muitas atividades desportivas e lúdicas, tinha uma empresa de A.T.L. que dava benefícios a todos, inclusive ao agrupamento e, portanto, isto evoluiu e muito.
Ao mesmo tempo também, e eu gosto desta frontalidade, foi estabelecido um contacto com a FERLAP, tendo acontecido pela primeira vez na altura em que era o Carlos Castela o seu presidente. Houve uma vez em que fui a um encontro da FERLAP e conjeturou-se a possibilidade de Odivelas fazer uma concelhia, o que seria interessante. E ele foi-nos ajudar a mim e a mais três elementos de Odivelas. E na realidade foi uma experiência extremamente positiva e fiquei a conhecer um grande ser humano, o Carlos Castela. Depois, acabei por também conhecer o Albino na CONFAP e foi realmente um evoluir da história. Fui conhecendo este senhor pelo que me contavam, pelo que ouvia.
A vida dá muitas voltas. Criámos a concelhia da FAP em Odivelas, a FAPODIVEL [Federação das Associações de Pais e Encarregados de Educação do Concelho de Odivelas] com o apoio da FERLAP e entrámos para a CONFAP.
E realmente é um orgulho ver que depois de tantos anos que lá estive na FAPODIVEL, desde a sua fundação em 2008 até à minha saída em 2016, foi uma Federação em crescendo com muita obra e muito trabalho.
E é com enorme alegria que vejo a presidente atual da concelhia, Alexandra Alves, só para vos dar um exemplo, ela conseguiu congregar cerca de 25 associações nos órgãos da concelhia, o que constitui um recorde! – Eu próprio cheguei a ter 18 associações nos órgãos sociais. Esta mulher é um espetáculo! E efetivamente tudo isto foi evoluindo. Os meus filhos, entretanto, saíram da escola para dar continuidade aos estudos. Estava eu muito bem em casa quando o Sr. Presidente da Câmara de Odivelas, Hugo Martins, pede-me para eu concorrer nas eleições, e eu aceitei mais este desafio.
Então lá fui, como independente. Neste momento sou deputado municipal da assembleia de Odivelas, sou o coordenador da comissão de educação, cultura, desporto e juventude da assembleia municipal e continuo a trabalhar 9 horas no banco. Isto é uma parte interessante e uma grande discussão sobre os pais profissionais, pois com tanta coisa a ocupar o nosso tempo, como lidar com estas realidades todas. Fica para outro fórum.
A parte boa, para concluir e acho que é interessante, nesta quinta-feira foi aprovada a revisão da carta educativa de Odivelas e realmente, olhar para aquele documento que é técnico, mas que também é obviamente político e estratégico e verificar as decisões de se construir mais equipamentos escolares e pavilhões (vão ser construídas em Odivelas mais 4 escolas e mais um jardim de infância). Realmente ver aquilo, acho que é fantástico.
E acabo num apontamento que acho ainda mais extraordinário, que nada tem a ver comigo, nem com a FAPODIVEL, tem a ver com a vereadora da educação da Câmara Municipal de Odivelas.
A vereadora é uma mulher extraordinária. Chama-se Susana Santos e fez parte do seu percurso na Associação de Pais da Escola Secundária da Ramada. Tem uma visão esclarecida sobre o que é um movimento associativo e sobre o que são as escolas. Realmente, não é ser superior, é ser diferente. Eu falo com qualquer associação de pais e já foram todos recebidos e ouvidos por ela, a qual tomou conhecimento de todos os problemas que lhe foram apresentados e continuamente está presente.
E quando eu, numa comissão de educação, a convoco para lá ir falar e estão presentes todos os partidos com representação em Odivelas, todos lhe dão os parabéns pelo seu trabalho, o que é muito positivo. Acho que isto tem muito a ver com a proximidade que ela tem e, se calhar, pela experiência das associações de pais e de ter estado no terreno.
Muito obrigado pelo convite, Orlando.
Só para dizer que a FERSAP, apesar de longe, sempre foi uma referência, sempre ouvia aquela coisa, que era quase como um mito urbano, que o primeiro presidente de um conselho geral tinha sido um pai e tinha sido aqui na zona (distrito de Setúbal). Na verdade, a vossa estrutura sempre foi extremamente bem falada na FERLAP quando eu lá estive. Cheguei a ser o vice-presidente da FERLAP, em que o Presidente foi alguém que esta semana faz um ano que faleceu inesperadamente com um problema de coração. O Roque também era uma pessoa que reclamava muito, era um lutador, um refilão. Eu e ele não concordávamos em muita coisa, mas tinhamos um respeito mútuo incrível.
Era uma coisa perfeitamente inacreditável, lembro-me de quando a CONFAP organizou uma assembleia geral em Lisboa, no Padrão dos Descobrimentos. Nunca mais me esqueço de que o Roque entrou lá a falar e não o que queriam deixar discursar, uma grande confusão e eu só disse: “– Deixem o homem falar!” E ele falou e pronto. Nós podíamos não concordar, mas há aquele dizer de Voltaire: “Posso não concordar contigo, mas lutarei até à exaustão para que tenhas a palavra e que consigas falar”.
Eu acho que isto é preciso, é preciso recuperar a história, é preciso continuar este legado.
Grande trabalho que foi feito aqui, grande trabalho que está aqui a ser feito. Dar a conhecer estes nomes às pessoas em Odivelas, acho isso muito importante.
Orlando, muito obrigado.
De certeza absoluta, vão ter muitas páginas para escrever sobre a FERSAP e, tudo o que possa haver da relação com Odivelas, à vontade.
Obrigado.